sábado, 29 de junho de 2013

IMAGINÁRIO DE UM AMOR

O piano transfere seus sons na noite às
Pombas,
E se escuta entre o vento tua voz, que nasce
Do nada,
E conversa com as flores.

Eu sinto a presença de teu alento arredor de
Minha consciência,
E penso durante longos séculos;
Para saber se teu halo
Traz alguma essência de amor.

O mar se mete entre meus sonhos
E se confundem tuas palavras
Com a brisa que provém do silêncio.

Caminho
Entre espaços
Submersos na memória de um concerto.

Parece que a sensibilidade quer voltar a nascer,
Mas um caracol detido no último milênio
Separa o tempo do contato.

Poderias dizer, talvez enviar-me um tanto de tuas
Emoções,
Desnudar o amor, reinventá-lo se estivesse morto.

O piano transferes os sons da noite às
Estrelas
E as estrelas desencadeiam uma chuva de mitos.
É música que penetra entre as rochas e a água,
E tudo se desvanece e volta a aparecer.

Quando não existe a verdade
E as formas são imagens iluminadas
Por uma razão em desvario,
O sonho se projeta no céu e se perde.

O sentido da vida é voltar a encontrá-lo.


Gregório Angelos

sábado, 22 de junho de 2013

Tu

No meu olhar te vejo,
tal e qual relâmpejo,
bela, fulgás e furtivo !
É a esse teu olhar sereno,
ao qual eu me recomendo,
quando a sós estou contigo.

Param  os tambores,
e  os dissabores,
como um grande eclipse total !
Só te vejo a ti,
nada mais há aqui,
e mesmo tu pareces irreal.

Qual aurora boreal,
de beleza anormal,
impossível de definir!
À qual eu não minto,
e digo o que sinto,
quando começas a sorrir

A viagem

A música, a poesia e a literatura têm essas possibilidades: vão, navagam horizontes desconhecidos e descobrem sonhos impossíveis. A criação brota das mais diversas formas imaginárias aonde, na viagem, o limite é o próprio horizonte.



Milton Maia Filho

sábado, 15 de junho de 2013

Diz-me que o mundo é belo

Diz-me que sim, 
diz-me que não, 
diz-me a verdade, 
sem os olhos no chão, 
Fala-me de amor, 
fala-me de paixão, 
diz-me que me amas, 
que o nome que me chamas
arde como lenha
na fogueira da cegueira do amor
e rebenta no teu coração, 
Diz-me palavras, 
diz-me mentiras, 
porque aquilo que me tiras
ao mesmo tempo que me atiras
areia para os olhos, 
aos molhos, 
para a cegueira da confusão, 
da indecisão e incerteza, 
que de certeza que sabias
que aquilo que te pedia
era mera fantasia na poesia da minha razão, 
Diz-me agora, 
diz-me depois, 
se somos um, 
se somos dois, 
o que somos
o que fazemos, 
por onde andamos, 
se não nos conhecemos?
Fala-me de ouro, 
Fala-me de prata, 
ama-me para sempre, 
ou para sempre ingrata, 
um pouco de alfabeto,
um pouco de abecedário, 
Diz-me que no prazer da escrita em que te coloco, 
Diz-me que não ficarás para sempre esquecida, 
no meu bloco, no meu imaginário.

A Tear And A Smile

I would not exchange the sorrows of my heart 
For the joys of the multitude.
And I would not have the tears that sadness makes 
To flow from my every part turn into laughter. 

I would that my life remain a tear and a smile.


A tear to purify my heart and give me understanding

Of life's secrets and hidden things. 
A smile to draw me nigh to the sons of my kind and 
To be a symbol of my glorification of the gods.

A tear to unite me with those of broken heart; 

A smile to be a sign of my joy in existence.

I would rather that I died in yearning and longing than that I live Weary and despairing.


I want the hunger for love and beauty to be in the 

Depths of my spirit,for I have seen those who are 
Satisfied the most wretched of people. 
I have heard the sigh of those in yearning and Longing, and it is sweeter than the sweetest melody.

With evening's coming the flower folds her petals 

And sleeps, embracingher longing. 
At morning's approach she opens her lips to meet 
The sun's kiss.

The life of a flower is longing and fulfilment.

A tear and a smile.

The waters of the sea become vapor and rise and come 

Together and area cloud.

And the cloud floats above the hills and valleys 

Until it meets the gentle breeze, then falls weeping 
To the fields and joins with brooks and rivers to Return to the sea, its home.

The life of clouds is a parting and a meeting. 

A tear and a smile.

And so does the spirit become separated from 

The greater spirit to move in the world of matter 
And pass as a cloud over the mountain of sorrow 
And the plains of joy to meet the breeze of death 
And return whence it came.

To the ocean of Love and Beauty----to God.



Khalil Gibran

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Amizade

Vosso amigo é a satisfação de vossas necessidades.
Ele é o campo que semeais com carinho e ceifais com agradecimento.
É vossa mesa e vossa lareira.
Pois ides a ele com vossa fome e procurais em busca de paz.
Quando vosso amigo expressa seu pensamento, nao temais o "não" de vossa própria opinião, nem prendais o "sim".
E quando ele se cala, que vosso coração continue a ouvir seu coração,
Porque na amizade, todos os desejos, ideais, esperanças, nascem e são partilhados sem palavras, numa alegria silenciosa.
Quando vos separais de vosso amigo, não vos aflijais.
Pois o que amais nele pode tornar-se mais claro na sua ausência, como para o alpinista a montanha aparece mais clara, vista da planicie.
E que não haja outra finalidade na amizade a não ser o amadurecimento  de espirito.
Pois o amor que procura outra coisa a não ser a revelação de seu próoprio mistério não é amor, mas uma rede armada, e somente o inaproveitavel é nela apanhado.
E que o melhor de vos próprios seja para vosso amigo.
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré, que conheça também o seu refluxo.
Pois, que achais seja vosso amigo para que o procureis somente a fim de matar o tempo?
Procurai-o sempre com horas para viver:
O papel do amigo é encher vossa necessidade, não vosso vazio.
E na docura da amizade, que haja risos e o partilhar dos prazeres.
Pois no orvalho de pequenas coisas, o coração encontra sua manhã e  sente-se refrescado.



Gibran Khalil Gibran

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Quando o amor...

Acenar, siga-o, ainda que por caminhos ásperos e íngremes
E quando suas asas o envolverem, renda-se a ele ainda que a
lâmina escondida sob suas asas possa feri-lo.
E quando ele falar a você, acredite no que ele diz,
ainda que sua voz possa destroçar seus sonhos,
assim como o vento norte devasta o jardim.
Pois, se o amor o coroa, ele também o crucifica.
Se o ajuda a crescer, também o diminui.
Se o faz subir às alturas e acaricia seus ramos mais
tenros que tremem ao sol, também o faz descer às raízes
e abala a sua ligação com a terra.
Como os feixes de trigo, ele o mantém íntegro.
Debulha-o até deixa-lo nu.
Transforma-o, livrando-o de sua palha.
Tritura-o, até torna-lo branco.
Amassa-o, até deixa-lo macio;
e então submete ao fogo para que se transforme
em pão no banquete sagrado de Deus.
Todas essas coisas pode o amor fazer para que
você conheça os segredos do seu coração,
e com esse conhecimento se torne um fragmento
do coração, da vida.


 Gibran Khalil Gibran