Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença...
...Quando o mistério é muito impressionante,
a gente não ousa desobedecer...
Antoine de Saint-Exupéry
sábado, 31 de maio de 2014
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Presságio
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
Fernando Pessoa
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
Fernando Pessoa
quarta-feira, 21 de maio de 2014
A esperança engana
A esperança engana, mente o sonho, eu sei.
Que mentiras lindas eu mesmo inventei e contei para mim..
Helena Kolody
Que mentiras lindas eu mesmo inventei e contei para mim..
Helena Kolody
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Anseio
Oh, quem me dera embalado
Nesse berço vaporoso,
Nuvens do céu azulado...
Onde os meus olhos repouso
Já de tanto olhar cansado!
De tanto olhar à procura
De um bem que o fosse deveras;
De uma paz, de uma ventura
Dessas venturas sinceras,
Se as pode haver sem mistura.
Mas há, sem dúvida: creio
Neste desejo entranhável!
Há-de haver um rosto, um seio
De amor e gozo inefável
Donde mesmo este amor veio!
Este amor que a vós me prende,
Nuvens do céu azulado!
E a vós, lâmpadas que acende
Depois do Sol apagado
Quem... de Quem tudo depende!
João de Deus
Nesse berço vaporoso,
Nuvens do céu azulado...
Onde os meus olhos repouso
Já de tanto olhar cansado!
De tanto olhar à procura
De um bem que o fosse deveras;
De uma paz, de uma ventura
Dessas venturas sinceras,
Se as pode haver sem mistura.
Mas há, sem dúvida: creio
Neste desejo entranhável!
Há-de haver um rosto, um seio
De amor e gozo inefável
Donde mesmo este amor veio!
Este amor que a vós me prende,
Nuvens do céu azulado!
E a vós, lâmpadas que acende
Depois do Sol apagado
Quem... de Quem tudo depende!
João de Deus
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Medo bate fundo
"Se eu pudesse fazer uma declaração pra você,
de tudo que eu queria, ou não queria, te dizer
não precisaria ler nem ouvir
Pra sentir...
O medo bate fundo em meu coração.
É estranho te querer assim.
É estranho ainda te querer...
Apesar de tantas oportunidades que eu tive
Optei por sentir, não, por fugir...
Mas como eu não controlo meus sentimentos
Fico à mingua de falar.
Esperando você me salvar de mim mesmo
Pra você pouco importa o que eu sinto
Mas você não pode me impedir de sentir."
Luís Galdino
de tudo que eu queria, ou não queria, te dizer
não precisaria ler nem ouvir
Pra sentir...
O medo bate fundo em meu coração.
É estranho te querer assim.
É estranho ainda te querer...
Apesar de tantas oportunidades que eu tive
Optei por sentir, não, por fugir...
Mas como eu não controlo meus sentimentos
Fico à mingua de falar.
Esperando você me salvar de mim mesmo
Pra você pouco importa o que eu sinto
Mas você não pode me impedir de sentir."
Luís Galdino
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Juventude
Sim, eu conheço, eu amo ainda
esse rumor abrindo, luz molhada,
rosa branca. Não, não é solidão,
nem frio, nem boca aprisionada.
Não é pedra nem espessura.
É juventude. Juventude ou claridade.
É um azul puríssimo, propagado,
isento de peso e crueldade.
Eugénio de Andrade
esse rumor abrindo, luz molhada,
rosa branca. Não, não é solidão,
nem frio, nem boca aprisionada.
Não é pedra nem espessura.
É juventude. Juventude ou claridade.
É um azul puríssimo, propagado,
isento de peso e crueldade.
Eugénio de Andrade
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Amar o perdido
Amar o perdido
Deixa confundido
este coração
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do não
As coisas tangíveis
tornan-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
Muito mais que lindas
Essas ficarão
Carlos Drummond de Andrade
Deixa confundido
este coração
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do não
As coisas tangíveis
tornan-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
Muito mais que lindas
Essas ficarão
Carlos Drummond de Andrade
Felicidade
"Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro.
Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos.
Que as pessoas saibam falar, calar, e acima de tudo ouvir.
Que tenham amor ou então sintam falta de não tê-lo.
Que tenham ideais e medo de perdê-lo.
Que amem ao próximo e respeitem sua dor.
Para que tenhamos certeza de que:
“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.
Carlos Drummond de Andrade
Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos.
Que as pessoas saibam falar, calar, e acima de tudo ouvir.
Que tenham amor ou então sintam falta de não tê-lo.
Que tenham ideais e medo de perdê-lo.
Que amem ao próximo e respeitem sua dor.
Para que tenhamos certeza de que:
“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.
Carlos Drummond de Andrade