domingo, 23 de dezembro de 2012

Te Ver


Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável
É dor incrível.

É como mergulhar no rio
E não se molhar
É como não morrer de frio
No gelo polar
É ter o estômago vazio
Não almoçar
É ver o céu se abrir no estio
E não se animar...

É como esperar o prato
E não salivar
Sentir apertar o sapato
E não descalçar
É ver alguém feliz de fato
Sem alguém prá amar
É como procurar no mato
Estrela do mar...

É como não sentir calor
Em Cuiabá
Ou como no Arpoador
Não ver o mar
É como não morrer de raiva
Com a política
Ignorar que a tarde
Vai vadiar e mítica
É como ver televisão
E não dormir
Ver um bichano pelo chão
E não sorrir
E como não provar o necta
De um lindo, de um lindo amor
Depois que o coração detecta
A mais fina flor...


Samuel Rosa Lelo Zanetti Chico Amaral

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Desprezo

O desprezo não incomoda, embora seja uma arma poderosa. O que realmente me incomoda, é nunca chegar a saber o que o frio da indiferença, grita nas entrelinhas do abismo de silêncio que ele mesmo cavou. É o não saber da interpretação feita sobre minhas palavras. O medo das possíveis ambiguidades escondida nas linhas dos meus textos.Isso me incomoda.



Aryane Brilho da Lua

sábado, 15 de dezembro de 2012

CÚMPLICE


A lua expia
Cumplicidade silenciosa.
Indiscreta invade
O pomar dos sonhos
Carregados de esperanças.
Vasculha frestas
Entreabertas das paixões
Ofuscante luz de prata
Cálida companheira
Retrata os amantes
Vislumbrando sonhos
Que divagam
Na presteza de tornar-se realidade
Transparentes a luz do luar.


Iara Ladvig Budelon

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Otimismo

Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite.
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.


Charles Chaplin

domingo, 2 de dezembro de 2012

Dedução


Não acabarão nunca com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.


Vladimir Maiakóvski